Cara, a primeira vez que entrei num barco pra pescar peixe espada foi um verdadeiro fiasco! O barco balançando, eu sem saber que fim dar àquele monte de equipamento… fiquei mais perdido que cego em tiroteio. Mas hoje? Depois de tanto tempo na água, posso dizer que pescar peixe espada é uma das melhores sensações que já tive. E quero dividir com você o que aprendi nessa estrada.
Sabe o peixe espada? Aquele grandalhão com um “bico” na frente? Ele é um desafio e tanto! Não só é bonito de se ver, mas quando você fisga um… meu amigo, prepare-se pra história que vai contar pros netos.
O Básico Sobre Nosso Amigo Espada
Antes de mais nada, vamos entender esse peixe espada direito. O cara pode chegar a mais de 4 metros e pesar uns 650 kg! Não se assuste, aqui no Brasil a gente costuma pegar os “menores”, entre 100 e 250 kg – o que já é um baita peixe, né?
Eles são rápidos e fortes. Usam aquele bico pra tontar as presas antes de jantar. De dia, ficam mais no fundão, e à noite sobem um pouco.
Uma coisa que mudou minha pescaria foi entender que eles gostam de água entre 18°C e 22°C. No Brasil, a melhor época é de outubro a março. Você já pescou nessa temporada?
Eles mudam de comportamento conforme a estação. Na primavera e verão, chegam mais perto da costa. No frio, vão pro fundão procurar águas mais quentinhas.
Nos dias quentes, tenho pescado mais cedo, antes das 10h, ou no finalzinho da tarde. Dá super certo!
O Que Você Realmente Precisa Levar
Quando comecei, gastei dinheiro à toa com tralha que nem precisava. Hoje sei o que vale a pena. Vamos ao que interessa:
Vara e Molinete
Pra encarar um bicho desses, precisa de coisa boa. Uso uma vara entre 1,70m e 2m, com força pra 30-80 libras. Fibra de carbono ou compósito é o caminho – leve, mas resistente.
O molinete tem que ser tamanho 50 ou 80, com espaço pra pelo menos 500 metros de linha. Os que têm duas velocidades são ótimos.
Uma dica de ouro que um pescador velho me deu: não economize na vara e no molinete. Sério. São coisas que duram anos se você cuidar bem e fazem toda diferença quando o bicho pega!
Linhas e Líderes
Pra linha principal, uso multifilamento de 80 a 130 libras. Pro líder (aquela parte final), uso fluorocarbono de 200 a 300 libras, com uns 3 a 5 metros.
O peixe espada enxerga muito bem, então o fluorocarbono ajuda a enganar ele. Além disso, aquele bico dele é áspero pacas e corta linha mais fina num piscar de olhos.
Em água clara, uso líder mais longo (5 metros). Em água mais suja, um mais curto (3 metros) dá conta do recado.
Iscas Que Funcionam
Testei muita coisa nesses anos. O peixe espada gosta especialmente de:
- Lulas grandes inteiras (minha preferida)
- Cavalas em tiras
- Sardinhonas
- Pedaços de bonito
A lula é imbatível! Uso umas de 30 a 40 cm, e deixo algumas no gelo pra ficarem mais firmes e durarem mais na água.
Um truque bacana é colocar um bastão luminoso (light stick) pertinho da isca, principalmente à noite ou em água funda. A luz chama a atenção do peixe espada, que é um bicho curioso.
Anzóis e Como Montar
Os anzóis precisam ser parrudos. Uso circle hook (anzol circular) nº 9/0 a 11/0, de aço inox bom.
O legal do anzol circular é que ele geralmente fisga o peixe espada no canto da boca. Isso facilita tanto pegar quanto soltar, se você quiser devolver o peixe pra água.
A montagem que mais gosto é assim:
- Linha principal multifilamento
- Chumbada que desliza (se precisar)
- Um destorcedor bom
- Líder de fluorocarbono
- Anzol circular
Pra amarrar o multifilamento no fluorocarbono, faço o nó Albright. É o mais confiável que achei até hoje.
Técnicas Que Realmente Dão Certo
Já tentei de tudo. Vou te contar o que funciona:
Pesca de Corrico
Isso é quando você arrasta as iscas pela água enquanto o barco anda devagarzinho. Pro peixe espada, mantenho entre 2 e 4 nós, mais lento que pra outros peixes.
Uso várias varas ao mesmo tempo, com iscas em profundidades diferentes, desde 30 até 100 metros. Assim tenho mais chance, porque o peixe pode estar em qualquer camada da água.
Faço um “V” com as varas atrás do barco, com as mais distantes pescando mais fundo. Isso cria um leque de iscas que cobre bastante área.
Pesca de Deriva
Aqui, o barco fica solto, levado pela corrente, com iscas em várias profundidades. É ótimo quando você já achou um lugar promissor.
Espalho as iscas em diferentes funduras, usando chumbadas pra controlar. Olha, fique de olho na tensão da linha. Quando o espada ataca, às vezes não é um puxão violento, mas uma mudança pequena na tensão.
Em dias de mar calmo, a deriva tem me dado peixes incríveis, principalmente cedinho ou quando o sol tá baixando.
Pesca com Isca Viva
Dá mais trabalho, mas funciona demais! Uso principalmente cavalas pequenas ou sardinhas grandes, mantidas vivas num recipiente no barco.
Tem que colocar a isca na água com jeitinho, usando um anzol que deixe ela se mexer sem machucar muito. O movimento natural da isca é irresistível pro espada.
Aprendi com um português um truque especial: colocar um pesinho na linha, 1 metro acima da isca, pra mantê-la na profundidade certa mas ainda deixando ela nadar livre.
Como Achar os Melhores Lugares
O peixe espada não tá em qualquer lugar. Depois de muita tentativa e erro, descobri o seguinte:
Ecossondas e Mapas
Investi numa boa ecossonda e foi dinheiro bem gasto! Procuro por estruturas debaixo d’água como cânions, platôs ou montes. O peixe espada gosta de onde tem mudança brusca de profundidade.
Também presto atenção na temperatura da água. Lugares onde águas frias e quentes se encontram são ótimos.
Nos mapas de pesca, procuro áreas que outros pescadores já marcaram como boas pra peixes grandes. Geralmente são um bom ponto de partida.
Sinais da Natureza
Antes da tecnologia, os pescadores usavam o que viam. E isso ainda funciona:
- Aves marinhas se alimentando (sempre fique de olho!)
- Cardumes de peixes pequenos na superfície
- Mudanças na cor da água
- Botos ou golfinhos por perto
Lembro de um dia que ignorei minha ecossonda caríssima e segui só um bando de atobás mergulhando. Resultado? Dois peixe espada em menos de uma hora!
Como Fisgar e Trazer pro Barco
Essa é a parte mais emocionante! O espada é forte, rápido e não cansa fácil. Tem que ter técnica:
A Fisgada Certa
Quando sentir a mordida, não puxe na hora. Com anzóis circulares, o melhor é deixar a linha esticar naturalmente enquanto o peixe espada nada com a isca. Depois de alguns segundos, comece a recolher com firmeza.
Com anzóis tipo J, uma fisgada mais forte pode ser necessária. Nesse caso, espere sentir o peso do peixe e então puxe firme.
Uma coisa que mudou minha taxa de sucesso: depois da fisgada, mantenha pressão constante. O espada tem boca dura, e qualquer folga na linha pode soltar o anzol.
A Briga com o Bichão
Prepara o braço! Um espada médio pode brigar por 30 minutos até duas horas. Os grandões podem levar ainda mais tempo.
O segredo? Calma e pressão constante. Uso um cinto de apoio pra vara, que distribui o esforço pelo corpo e evita cansar demais.
Quando o peixe espada dispara, deixo ele correr com a fricção do molinete ajustada pra cansar o animal sem arrebentar a linha. Quando ele dá uma trégua, recupero linha o mais rápido que consigo.
Uma dica de ouro: controle sua respiração durante a briga. Isso ajuda a manter o foco e guardar energia pra luta longa.
Trazendo pro Barco
Trazer um espada pra dentro do barco exige cuidado. Primeiro, o peixe tem que estar bem cansado. Nunca, nunca mesmo, tente embarcar um espada ainda com energia.
Uso um gancho (gaff) de cabo longo pra segurar o peixe pela cabeça ou corpo, evitando aquele bico perigoso. Pra peixe espada muito grandes, às vezes preciso de dois ganchos.
Antes de tentar embarcar, passo uma corda pela cauda do peixe, fazendo um laço. Isso dá mais controle e segurança na hora H.
Segurança Acima de Tudo
Segurança primeiro, sempre! O peixe espada não é só grande, mas tem aquele bico afiado que pode machucar feio:
Equipamentos de Proteção
Além do equipamento de pesca, sempre levo:
- Luvas resistentes
- Óculos de proteção
- Calçado que não escorrega
- Kit de primeiros socorros
- Facas afiadas pra emergências com linhas
Cuidados ao Pegar o Peixe
Ao manusear o peixe espada, fico longe do bico. Mesmo um peixe aparentemente morto pode dar um tranco de repente.
Se estiver praticando pesque-e-solte, o jeito certo de segurar é ainda mais importante. Uso alicates compridos pra tirar o anzol e deixo o peixe na água o máximo possível.
Uma precaução que sempre tomo: nunca fico sozinho no convés quando estamos embarcando um espada. Sempre tem alguém pronto pra ajudar se der problema.
Como Tratar o Peixe Espada Depois
Se você decidir ficar com seu peixe, saber como tratar e conservar faz toda diferença:
No Barco Mesmo
Assim que o peixe sobe, sangro ele na hora, cortando as guelras. Isso melhora muito a qualidade da carne.
Depois, tiro as tripas e lavo a barriga com água do mar. Coloco num caixote com gelo, garantindo que fique bem coberto.
Em viagens mais longas, corto em postas ainda no barco e guardo em sacos plásticos com gelo. Fica mais fácil armazenar e conserva melhor o peixe espada
Conservando a Carne
A carne do espada é uma delícia! Pra conservar ela no ponto:
- Mantenha gelada entre 0°C e 2°C
- Coma fresca em até 3 dias
- Pra guardar mais tempo, congele em porções
- Se puder, embale a vácuo antes de congelar
Um truque que aprendi com um chef: antes de congelar, passe as postas rapidinho em água com sal. Isso forma uma camadinha protetora que ajuda a manter a umidade da carne.
Pescaria Responsável
Como pescador que se preza, me preocupo em preservar o peixe espada pros meus filhos e netos também pescarem:
Práticas Sustentáveis
Faço e recomendo:
- Respeitar tamanhos mínimos
- Soltar fêmeas com ovas
- Não pegar mais do que o necessário
- Usar anzóis circulares, que machucam menos quando você vai soltar o peixe
Programas de Conservação
Participo de programas onde marcamos os peixes. Isso ajuda os cientistas a entenderem melhor como eles migram e se comportam.
Também reporto minhas pescarias pra institutos de pesquisa marinha. Os dados de pescadores amadores ajudam muito a criar regras de conservação que funcionam.
Minhas Histórias com o Espada
Depois de anos pescando esse peixão, cada saída ainda é uma aventura nova. O espada me ensinou sobre paciência, persistência e respeito pelo mar.
Minha maior captura? Um bichão de uns 230 kg, depois de quase três horas de briga. Foi exaustivo, mas inesquecível!
Hoje em dia, na maioria das vezes prefiro fotografar e soltar. Ver aquele predador imponente voltando pro mar é tão legal quanto a captura.
Perguntas e Respostas
Quando é melhor pescar peixe espada no Brasil?
De outubro a março, com os melhores dias entre dezembro e fevereiro. Nessa época a água tá na temperatura ideal (18-22°C) e os peixes chegam mais perto da costa.
Preciso de um barco enorme?
Não necessariamente, mas é bom ter pelo menos um de 25 pés pra ficar seguro em águas mais fundas. O importante é que seja estável e tenha autonomia pra chegar nos pesqueiros.
Quanto preciso me afastar da costa?
Depende do lugar e da época. No Brasil, geralmente entre 15 e 40 milhas da costa. No Nordeste, onde o fundo cai mais rápido, às vezes dá pra achar mais perto.
Quantas pessoas precisam ir no barco?
O ideal são três: um piloto, um pescador principal e um ajudante. Dá pra ir sozinho? Dá, mas é muito mais ralado.
Como sei se é um peixe espada ou outro peixe grande?
O espada tem uma luta característica: corridas longas e fortes seguidas de mergulhos fundos. Quando chega perto do barco, o corpo alongado e o bico são inconfundíveis. Diferente dos marlins, o espada raramente salta durante a briga.
O que não pode faltar pra quem tá começando?
Uma vara de 30-80 libras, molinete bom com capacidade pra pelo menos 500 metros de linha, multifilamento de 80-130 libras, líder de fluorocarbono resistente, anzóis circulares grandes e um cinto de apoio pra vara. Comece com isso!
A carne é boa mesmo?
Demais! É branca, firme e levemente adocicada, tipo um bife do mar. Dá pra grelhar, assar ou até comer como sashimi quando tá bem fresquinha. Tem poucos espinhos e postas grandes, o que facilita na hora de preparar.
Quanto tempo dura a briga?
Pra um peixe médio (100-150 kg), geralmente entre meia hora e 2 horas. Os maiores podem demorar muito mais. Também depende do seu equipamento e da profundidade onde fisgou.
Qual a diferença entre pescar espada e marlim?
A principal é no comportamento durante a briga: marlins pulam muito, o espada quase nunca. O espada gosta de água mais fria que a maioria dos marlins e normalmente fica mais fundo. O equipamento é parecido, mas a técnica muda bastante.
O Que Aprendi Com Tudo Isso
Pescar espada vai muito além de só pegar o peixe. É uma atividade que mistura conhecimento técnico, preparo físico e conexão com a natureza.
Se você tá começando, meu conselho é: invista no equipamento certo, respeite o peixe e o mar, e esteja aberto a aprender sempre. Cada pescaria vai te ensinar algo novo.
Se você já é experiente, não deixe de compartilhar o que sabe e defender a pesca responsável. Só assim nossos filhos e netos também vão poder sentir a emoção de lutar com um espada.
A pesca, pra mim, virou mais que um hobby – é uma escola de vida. E o espada tem sido um dos meus melhores professores nessa jornada.
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